A HISTÓRIA DO HOTEL ROSA E DOS SEUS PROPRIETÁRIOS.

Construido por Manuel Joaquim Rosa – que exemplificou o esforço da iniciativa privada na Curia -, a princípios do Século XX, este Hotel conservou o seu estatuto original durante 35 anos aproximadamente, passando a ter o estatuto de Pensão. Já no ano de 1951, funcionava como Pensão Rosa, até ao seu encerramento nos anos 1960. Contava com 24 quartos, duas casas de banho comuns em cada andar, uma cozinha e um salão de jantar.

Na sua entrada principal, sobre a lateral direita do edificio, tem um espaço onde, anteriormente existia uma barbearia. Do outro lado existia  uma bomba de agua manual, retirando-a de um poço que ainda ali existe no passeio para a torre. Lá, existia um tanque que surtia a cozinha e as casas de banho do Hotel. Na lateral esquerda, havia um anexo com a cozinha e sala de jantar, que, após o encerramento desta importante unidade hoteleira, serviu também como escola, como sala de exposições e outras atividades que foram desenvolvidas sem fins lucrativos já pelo seu atual proprietario.

A finais dos anos 1960, estando fechado defenitivamente e muito degradado, este edificio foi vendido pela Predial Aveirense a um investidor chamado António Bento dos Santos, e à sua esposa, Maria da Conceição da Silva Ferreira.

A 20 de Agosto de 1970, foi comprado por Germano Lopes Carloto e Acácio Ferreira Rôlo, pai e tio materno, respetivamente, do atual proprietário, como investimento. A  10 de fevereiro de 1972,  passou a ser propriedade somente de Acácio Ferreira Rôlo, que residia em Caracas, na Venezuela.

No dia 3 de Agosto de 1977, foi comprado por Rui Lopes Carloto, sobrinho do proprietário, que vivia –  e ainda reside – na Venezuela, onde se desenvolveu a venda de este imóvel no Consulado Geral de Portugal em Caracas. A compra deu-se por motivos sentimentais.

O seu avô materno, Joaquim Ferreira Rôlo, funcionário do Grande Hotel da Curia, ficou encarregue de cuidar deste emblemático edificio, após o seu encerramento. Desde pequeno, Rui Carloto  brinvava muito no parque da Curia e acompanhava, de vez em quando, o avô a abrir as portas e janelas do imóvel e dar-lhe algumas limpezas mais urgentes.

Joaquim Ferreira Rôlo (1882 -1970)

Na entrada do Grande Hotel da Curia

Anos 1960

Com o decorrer dos anos, o edificio, que já se encontrava  em ruinas, não justificava qualquer investimento na sua recuperação. Por recomendação de alguns especialistas e técnicos de engenharia da Câmara Municipal de Anadia,  não havia qualquer hipótese de recuperação fiável, devido ao estado em que o imóvel se encontrava, pelo que o proprietário decidiu comprar alguns terrenos anexos para avançar com um novo projeto hoteleiro moderno.

Foram feitos estudos de viabilidade de construção para construir ali uma unidade hoteleira que pudesse dignificar aquele local inserido no centro da Curia. Pelas características do projeto, no entanto, tornou-se necessário que o terreno fosse aumentado, pelo que se foram adquirindo os terrenos anexos, conformando atualmente uma área aproximada de 17 mil m2.

Desta maneira, deu-se início ao desejado projeto de um interessante Hotel de categoria 4 ou 5 estrelas, realizado por reconhecidos arquitetos de Lisboa. Estes estudos, bem como o desenvolvimento do projeto, foram acompanhados plenamente pelos técnicos responsáveis da Câmara Municipal de Anadia durante um ano aproximadamente, tempo que durou o desenvolvimento e conclusão do mesmo.

Cabe destacar que este projeto contava com o aval incondicional do Presidente da Câmara da altura, Eng. Silvio Cerveira, quem motivou sempre o surgimento de um novo projeto ali para “resolver aquele edificio tão degradado que dava tão mau aspeto à Curia”. (Referindo-se à antiga Pensão Rosa).

Finalmente,  já concluido o novo projeto de arquitetura de um complexo hoteleiro moderno, este deu entrada em todas as entidades governamentais e também na Câmara Municipal de Anadia onde foi “congelado” porque os técnicos não estavam de acordo com a demolição do degradado edifício (antiga Pensão Rosa).

Devido a toda esta situação, apagavam-se as possibilidades de avançar com o que se tinha projetado, e depois de algumas reuniões com o presidente da Câmara e o seu assistente, foi recomendado tratar de fazer outro estudo com uma arquiteta local que era da confiança da CM de Anadia, pois tornava-se mais factível incorporar o velho edificio a uma nova iniciativa.

Foi realizado novo projeto, que contemplava um centro comercial com Bowing e apartamentos residenciais que se enquadrariam desde a mesma estrutura do edifício a restaurar (Antiga Pensão Rosa), feito pela arquiteta Anabela Neto,  que era naquele momento assessora da Câmara Municipal de Anadia. De novo o projeto deu entrada na CM, mas, lamentavelmente, por motivos de entrada em vigor do novo Plano Diretor do Município (PDM),  já não era possível neste local construir este tipo de empreendimento.

As tentativas de desenvolvimento para esse local ficaram congeladas durante mais de 15 anos, já que o PDM não foi alterado e devidamente aprovado com as reformas que os edis e técnicos camarários pretendiam, deixando o município de Anadia estagnado aos possíveis investimentos durante todos esses anos.

Entretanto, estava sendo elaborado um rigoroso levantamento de arquitetura da obra existente sob a responsabilidade do gabinete da arquiteta Anabela Neto de Cantanhede.

Foi assim que, a finais do ano 1984, foi contratada para tais efeitos uma empresa especialista na reconstrução de edificações antigas (Novo Muro), para efetuar a recuperação total do edifício. Deu-se início em 1995 às obras na estrutura principal, deixando apenas as paredes laterais, para manter o traço original do edifício e preservando toda a identidade artística do arquiteto que originalmente desenhou esse imóvel.

Uma vez concluída a primeira etapa da recuperação, era necessário dar um propósito ao edifício e também procurar forma de que pudesse ser beneficiado por alguns incentivos financeiros que na época se promoviam fequentemente.

Fizeram-se os estudos com uma empresa qualificada para os efeitos em Lisboa, que recomendou implantar ali um negócio de restauração,  e a única entidade disponível que poderia apoiar no momento era o SAJE, que envolvia incentivos financeiros para jovens empresários da restauração.

Foram introduzidos todos os elementos exigidos do projeto, que também na época significava uma grande aposta para o turismo na região. Mesmo sendo este bem qualificado para os efeitos, não foi beneficiado, supostamente porque tinham sido esgotados os recursos que haviam designado para esses fins.

Esgotaram-se todas as tentativas feitas para implantar neste local de aproximadamente 17 mil M2 de terreno, adquirido com a melhor das intenções, um espaço que desse à  Curia um novo e interessante empreendimento turístico hoteleiro, moderno e com condições de atrair a esta estância termal um turismo mais dinâmico e atual, onde sempre foram colocados obstáculos. Os altos esforços e custos económicos para o proprietário, Rui Carloto, sentiam-se, levando-o a sentir-se, na atualidade, desmotivado pelas constantes negativas de tratar de levar aqui um bom projeto turístico a feliz término.

Finalmente, havería que abrir a tão esperada Villa Rosa, que durante a sua reconstrução já criava uma grande expectativa e entusiasmo por muitos que por ali passavam e que pediam para entrar a ver o que ali sucedia, pois o imóvel tinha sido objeto de uma grande e ousada intervenção.

Foi assim que a Villa Rosa, antigo Hotel Rosa e Pensão Rosa da Curia, foi inaugurada no dia 05 de agosto de 1998.

Foi encerrado de novo por motivos de pessoais e de força maior aproximadamente em 2008, quando chegaram a instalar-se outros projetos com concessionários diferentes, mas não se deram continuidade às novas iniciativas, levado assim ao encerramento forçado por parte do seu proprietário.

No princípio do ano de 2023,  iniciaram-se obras de recuperação exterior, estando ainda a ser realizadas neste ano de 2024, com o propósito de motivar uma nova etapa da vida de este emblemático edifício.

Este é um resume feito com a melhor das intenções para dar a conhecer a quem tem interesse por este tipo de informação, parte do passado e presente de um imóvel que faz parte da História de uma Estância Termal chamada Curia, antes catalogada como a Rainha das Termas de Portugal.

Não haverá qualquer dúvida de que a história aqui não terminará, já que ainda haverá outras etapas de vida útil tanto para este como também para novos projetos que seguramente surgirão oportunamente, porque a Curia encanta e merece novos e dinâmicos empreendimentos que dinamizem e honrem o seu gentilício.

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